27 fevereiro 2013

0 comentários

REFLEXO

As cores da imagem refletida em teu silêncio,
Dizem coisas tão profundas quanto o vento,
Mergulham no oceano do firmamento,
Encerram um olhar enfurecido.
Caminham pelas ruas em aquarelas,
Entoam um som raivoso emudecido,
Sepultam um longo riso na partida,
Blindando o amor renascido em outra vida.

Catarina Poeta 

25 fevereiro 2013

0 comentários


SINÔNIMOS

Danosa,
Fatal, 
Funesta,
Grave,
Infesta,
Lesiva,
Maléfica,
Mau,
Nefasta,
Nocente,
Nociva,
Peçonhenta,
Perigosa,
Perniciosa,
Prejudicial,
Tóxica... Malígna.
Oh, infeliz olhar, 
Que em mal traduz,
O amor que lhe apraz.

Catarina Poeta


18 fevereiro 2013

0 comentários
CRÔNICA DO CORAÇÃO

Dizem, que todos vêm ao mundo com um traçado pré-determinado. 
Uns, tornam-se médicos para curarem os males do corpo. 
Outros, tornam-se espiritualistas e buscam curar os males da alma.
E, alguns, somente alguns poucos tornam-se poetas... Esses, atuam no âmago do sentimento. 

Sempre me perguntaram "por que sou Poeta?" e de forma costumaz, sempre respondi que assim era, e pronto! Pois, para mim, não havia motivo algum que tivesse determinado esta minha escolha. Mas, a vida sempre segue seu rumo, e um dia somos levados a parar para pensarmos ou repensarmos certos conceitos e idéias.

Nesta caminhada, pouco a pouco vi as pessoas que eu amava partirem desta existência.
Primeiro foi minha irmã, vítima de problemas cardíacos.
Depois foi minha mãe, também levada desta vida por um infarto agudo do miocárdio.
Em seguida, meu pai, que para não ficar sem a esposa, também infartou. 
E, para não ficar atrás de ninguém, meu irmão, infartou depois de um longo sorriso. 
Até ai, considerei não haver nenhuma comunicação entre tais acontecimentos com minha trajetória na vida literária. 
Mas, todos que eu amei partiram por falha em seus comboios de corda, como referiu-se Pessoa ao falar do coração.

Minha Pupy
Até que, neste início de ano, minha cadelinha de 15 anos, minha amiga de todas as horas fáceis e difíceis, começou a entristecer, a ficar magrinha e a não querer mais se alimentar. 
Ela, que adorava jogar bolinhas, já não queria mais brincar...
Seu olhar, de repente, entristeceu.
Levada ao médico, veio o diagnóstico: sopro no coração.
Isso mesmo! No coração.
Foi só neste momento, que eu compreendi o porque de minha escolha inconsciente em ser Poeta para poder traduzir a dor em versos e em lirismos.  
É isso... Nasci Poeta para falar deste "comboio de cordas".

Trazida à margem fictícia da estrada da vida, vi romper o velcro que unia meu sonho à minha realidade. 
Abracei contra o peito meu animalzinho tão frágil e sentindo a leveza sutil do fio de prata que ainda sustenta aquela vidinha inocente, chorei... Não por medo de perde-la ou por piedade, mas sim por entender que todos têm os seus dias, as suas horas de alegrias, o seu compasso marcado, o seu tempo perfeito em cada coisa.

Quando voltei ao meu papel de Poeta, finalmente, formulei a resposta para aquela antiga pergunta:
- Sou Poeta para sofrer felizmente por amor!

Catarina Poeta